Drica Moraes quer mostrar "dotes" em "Os Aspones"

Drica Moraes torce pela segunda temporada da série Os Aspones

01 de janeiro de 2005

Jorge Rodrigues Jorge/TV Press

Danielle Araújo

Rio de Janeiro

Drica Moraes jura que reza todos os dias para Os Aspones voltar à grade da Globo em 2005. Na pele da "almodovariana" Moira, a atriz recebeu o título de "Melhor Humorista Feminina" das eleições "Melhores & Piores 2004" de TV Press. E acredita que, numa possível segunda temporada, poderia mostrar os verdadeiros "dotes" da personagem, já que ela encerrou o primeiro ciclo do humorístico como chefe do Fichário Ministerial de Documentos Obrigatórios (FMDO).
"Estou super empenhada energeticamente para que isso aconteça. A Moira passaria para um patamar mais vigoroso", afirma. Na opinião da atriz, os autores, Alexandre Machado e Fernanda Young, teriam mais facilidade para colocar verdadeiramente em funcionamento o "projeto" FMDO - Falar Mal Dos Outros. "Como o público já conhece o programa, os próximos episódios seriam bem mais engraçados", teoriza.
Ultimamente, Drica recebe mais convites para fazer humor do que qualquer outra coisa. Embora goste de diversos gêneros, a atriz diz que se identifica bem mais com a comédia. Na opinião dela, porque sua visão de um mundo mais leve e divertida contribui para uma atuação alegre. Mesmo assim, Drica nunca imaginou que um dia se tornaria uma humorista. "Foram os diretores e autores que descobriram este meu dom. Só depois comecei a investir nisso", conta, esboçando um sorriso.
Aos 35 anos, Drica recebeu o convite do diretor José Alvarenga para fazer Os Aspones com muito entusiasmo. A atriz conta que o principal atrativo do trabalho foi o perfil de sua personagem. No momento de compor seu papel, Drica se inspirou nas "milhares de Moiras" que já conheceu na vida. "Ela é o tipo de pessoa que a gente encontra freqüentemente no dia-a-dia. Aposto que todo mundo tem uma Moira no grupo de amigos", afirma.
Na hora de atuar, Drica usou poucos de seus artifícios profissionais. Ela conta que sua maior dificuldade foi justamente se despir dos truques para chegar no humano. "Desconstruí mais do que tudo", assegura.
O que também animou Drica foi o estilo de comédia de Os Aspones, que saiu do padrão dos humorísticos tradicionais da Globo. Como o programa tem uma linguagem, um humor e um tempo próprios, a atriz acha que foi justamente isso o que mais mobilizou a atenção do público. Drica recebeu, inclusive, cartas dos telespectadores elogiando o programa, que faz uma crítica ao excesso de burocracia no Brasil. "Tinha uma que falava: Olha, trabalho no IBGE e aqui é assim mesmo. Ninguém trabalha", diverte-se Drica, que acredita que essa burocracia também paira nos departamentos das empresas privadas. Outro ponto positivo, na visão da atriz, é o pequeno número de diálogos do seriado.
Segundo Drica, os atores expressam suas emoções - tédio, descontentamento e espanto - através de olhares, gestos e do próprio silêncio. "As pessoas são mais lentas e demoram mais para entender. A graça está exatamente nisso", assegura. Outro elemento inusitado é a cor do humorístico. Os figurinos, a iluminação e os tons pastéis dos cenários dão às imagens um tom bege.
Na opinião de Drica, apesar de Os Aspones se assemelhar à série britânica The Office, o programa rompeu com os padrões e mostrou que existe uma nova possibilidade de fazer humor. "A única maneira de acertar é apostando no diferente", afirma.
Para a atriz, a maior vantagem do semanal é a oportunidade de fazer projetos paralelos. Como é presidente da "Companhia de Atores", Drica diz que Os Aspones lhe dá mais liberdade para viajar com peças nos finais de semana. Por isso ela torce tanto para o retorno do seriado, que lhe daria tempo para inaugurar a sede do grupo de teatro no ano que vem.
"Adoro fazer novelas, mas teria de abrir mão dessas coisas. No seriado, não", pondera a atriz, que confessa, no entanto, não resistir a um novo convite do autor Walcyr Carrasco, com quem já trabalhou em Chocolate com Pimenta.